
Ainda bem que Malu não herdou a inaptidão esportiva daquele tio que vive tombando em trilhas e tropeçando até em sombra de nuvem. Ao contrário, e para alívio genético da família, a menina nasceu com espírito de golfinho. Não daqueles de aquário, de cativeiro: um golfinho de verdade, que se lança em águas desconhecidas com a naturalidade de quem nasceu para isso. Aos 14 anos, Maria Luisa Bittencourt Borges, filha do Gui e da Dani, já coleciona marcas que fariam muita gente com o dobro da idade buscar fôlego. Começou com três aninhos na Oficina do Corpo, meio que empurrada pela vontade dos pais, mas hoje é ela quem puxa a fila, dedicando-se nos treinos e enchendo a casa de medalhas. Já são mais de 40, uma nada modesta galeria de conquistas entre corridas, piscinas e agora águas abertas. Em Capitólio, semanas atrás, a menina-prodígio nadou forte e voltou com a medalha de ouro na sua categoria e um impressionante décimo segundo lugar no geral feminino. Em Ubatuba, neste gelado fim de semana, estreou na água salgada como quem já conhece os segredos das marés: arrasou no Litoral Norte, ficou em quarto no geral dos 1.500 metros e trouxe para casa o primeiro troféu em águas abertas. Além do talento inegável, seu desempenho é decorrente das rotinas de preparo comandadas pelo professor Lucas Moreira. Mas Malu não se contenta com feitos esportivos. No colégio, onde cursa o nono ano, seu boletim vive mais próximo do 10 do que do 7. Dizem por aí que quem se destaca no esporte costuma relaxar nos estudos. Malu está aí para desmontar esse ditado com a determinação de quem nada contra a corrente, e vence. Enquanto o tio cronista segue tropeçando nas pedras, Malu segue nadando, correndo e, principalmente, inspirando. Lauro Augusto Bittencourt Borges, orgulhoso tio da Malu, é bancário e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista - Instagram: @lauroborges